Circular: Abaixo, algumas frases de Nelson Rodrigues, tiradas do livro “Flor de Obsessão”:
“- No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.
“- No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.
- Não reparem que eu misture os tratamentos de “tu” e “você”. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.
- Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.
- Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.
- Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.
- O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: — dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses.
- Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.
- Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.
- O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.
- Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.
- Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar.
- Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: — não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.
- Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.
- Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.
- Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: — a nossa.
- Sexo é para operário.
- Morder é tara? Tara é não morder.
- Todo tímido é candidato a um crime sexual.
- Só há uma tosse admissível: — a nossa.
- Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
- Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.”
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