segunda-feira, 18 de outubro de 2010

“Os livros eram bons para desenvolver um espírito contemplativo. Telas incentivam um pensamento mais utilitarista”

Sugestão de leitura: texto de Kevin Kelly publicado na última edição da Smithsonian Magazine. Segundo Kelly, a palavra impressa se tornará cada vez mais relevante. Rodrigo Velloso, do blog Midiascopio, traduziu o texto. Abaixo, um trecho:


“(…) Os livros eram bons para desenvolver um espírito contemplativo. Telas incentivam um pensamento mais utilitarista. Uma nova idéia ou fato estranho provoca um reflexo de fazer alguma coisa: pesquisar o termo, consultar “amigos” da tela sobre suas opiniões, encontrar pontos de vista alternativos, criar um marcador, interagir ou twitar a coisa ao invés de simplesmente contemplá-la. A leitura de livros fortaleceu nossas habilidades analíticas, incentivando-nos a seguir uma observação até a nota de rodapé. A leitura de tela incentiva a rápida identificação de padrões, a associação desta idéia com aquela, equipando-nos a lidar com os milhares de novos pensamentos expressados todos os dias. As tela incentiva e nutre o pensar em tempo real. Resenhamos um filme enquanto o assistimos, desenterramos um fato obscuro no meio de uma discussão e podemos ler o manual de instruções de um gadget que espiamos em uma loja antes de comprá-lo em vez de esperar até chegar em casa para descobrir que ele não faz o que precisamos que faça.
Telas provocam ação em vez de persuasão. Desinformação é menos eficaz em um mundo de telas, pois ainda que ela viaje rápido, as correções também viajam. Nas telas, é mais fácil corrigir uma mentira do que contá-la. A Wikipédia funciona tão bem porque remove um erro com um único clique. Nos livros encontramos uma verdade revelada enquanto na tela montamos nossa própria verdade a partir de peças. Em telas conectadas à rede, tudo está vinculado a todo o resto. O status de uma nova criação não é determinado pela avaliação de críticos, mas pelo grau em que ela está vinculada (“linkada”) ao resto do mundo. Uma pessoa, fato ou artefato não “existe” até que esteja vinculado. (…)”



FONTE:   http://ricardolombardi.ig.com.br/

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