"Por que, em geral, exigimos cada vez menos de nossas crianças?
A resposta usual (e certeira) é a seguinte: amamos nossas crianças como continuações de nós mesmos. Para compensar nossas frustrações, queremos vê-las continuamente saltitantes e jocosas. Portanto, preferimos emburrecê-las a aborrecê-las.
Mas é preciso completar essa resposta. Amamos as crianças porque elas poderão corrigir nossa vida quando não estivermos mais aqui.
É impossível que esse tipo de amor não seja contaminado por uma ambivalência, pois a vida futura das crianças é o símbolo de nossa mortalidade.
Nossa inveja (mais ou menos raivosa) pode, por exemplo, expressar-se assim: tudo bem, as crianças nos sobreviverão, só que a sua vida será inculta e chata -bem-feito, quem mandou não morrer com a gente? "
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