quarta-feira, 27 de abril de 2011

No 1º Mundo, implicam com tudo. Bárbara Gancia. Folha de São Paulo.

A RASPA do tacho do IRA (Exército Republicano Irlandês) ameaça a segurança do casamento real alegando que a rainha é um "alvo legítimo". Os policiais não parecem muito preocupados, foram até instruídos a tratar bêbados e encrenqueiros com uma certa ternura.

Militantes pró-direitos humanos andaram protestando quando viram o nome do herdeiro ao trono do Bahrein, Salman bin Hamad al-Khalifa, na lista dos convidados.
Há também quem esbraveje contra a presença do rei da Suazilândia -parece que o sujeito andou usando força bruta para deter manifestações populares. Mas o príncipe Charles e sua Catifunda gostam muito dele e vá você dizer a um príncipe de quem ele deve ser amigo.
Acho que vou entrar na dança. Subirei no palanque do Hyde Park Corner e bradarei contra a presença de Guy Ritchie, ex-marido de Madonna, na lista de convidados de William e Kate. Como diretor de cinema ele dá um excelente dono de pub e vice-versa. Eu o mandaria para a Torre de Londres.
Pessoal do Primeiro Mundo implica com tudo. Ontem ouvi uma mulher dizer que a rainha é esnobe porque só convidou os pais de Kate Middleton para almoçar a nove dias do casamento.
A turma esquece que Elizabeth 2ª tem mais o que fazer. Como mostrar seu belo perfil em notas de libra esterlina e, mesmo aos 85 anos, participar de cerca 300 solenidades oficiais ao ano. Dá quase uma ao dia.
E, entre outros afazeres, ela ainda conduziu quem treinou, nos últimos anos, os pombinhos que agora sobem ao altar. Que ninguém subestime o poder da Casa de Windsor.
Ou pense que William tenha decidido sozinho ser o primeiro a se casar com um plebeia cuja mãe, inclusive, tem o sobrenome Goldsmith. "William, o Ecumênico" é uma criação genial de "branding".
Um dia, esse rapaz com cara de homem do tempo da TV será rei dos britânicos e chefe da Igreja Anglicana, ou seja, de um sujeito qualquer, passará a ser uma instituição. Isso não é deixado ao acaso.
E seu casamento com Kate não é apenas uma festividade para aliviar a mente dos britânicos da crise.
Marca o fim do capítulo Diana na história do reino e o início de uma nova era. É a família real se reinventando mais uma vez, como vem fazendo há mais de 400 anos.

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