quinta-feira, 19 de maio de 2011

Almodóvar: Brasil, eu te amo!

Cheio de elogios à Bahia, que definiu publicamente como a súmula viva de encantos brasileiros, o cineasta Pedro Almodóvar (na foto, carregando o ator Antonio Banderas) declarou em sua coletiva de imprensa no Festival de Cannes que escolheu o Brasil como terra de origem dos personagens principais de "La piel que habito".


- Eu escolhi o Brasil para ser o local de origem do personagem de Banderas e de Marisa Paredes primeiro porque eu ouvi falar de um grande cirurgião que é o Ivo Pitanguy e porque eu queria retratar a família do persoangem de Banderas como uma família selvagem que precisasse de uma cultura livre das noções de pecado e castigo. Infelizmente, eu só pude me concentrar no Brasil mais diretamente no filme a partir de sua música, com a escolha da canção "Pelo amor de amar "- diz Almodóvar, citando sua amizade por Caeanto Veloso.

- Descobri esta canção, que nem Caetano conhecia direito, num disco de trilhas sonoras de filmes brasileiros.


O olé de Almodóvar nas raias da perfeição


Até que enfim a competição pela Palma de Ouro de 2011 recebeu um filme nas raias da perfeição. Com todo o respeito à homilia de Terrence Malick, nada visto em Cannes até agora dá mais prazer do que "La piel que habito" de Pedro Almodóvar. Mais provocativo do que "Má educaçao" (2004) , mais tocante do que com "Fale com ela" (2002) e tão sensual quanto "Carne trêmula" (1997), o novo longametragem do cineasta espenhol, mais masculino do que de costume, arrebatou aplausos sem dispersar a plateia um minuto que fosse. Quem saia pra ir ao banheiro, voltava correndo para acompanhar uma trama sobre a qual se deve dizer o mínimo possivel.
Basta saber que Antonio Bandeiras é um cirurgião plástico renomadíssimo envolvido com experiências para criação de uma pele artificial, que mantém presa em seu casarão afastado dos grandes centros urbanos, uma jovem misteriosa. Embriagada pela trilha sonora de Alberto Iglesias, que abre espaco para a canção "Pelo amor de amar", a plateia conheceu a musa deste festival: Elena Anaya, beldade que interpreta a menina-mistério trancafiada por Banderas.
Indo do suspentes Hitchcockiano ao melodrama,fazendo uma declaração apaixonada às reinvenções do amor, "La piel que habito" é daqueles filmes que a gente reza para não acabar. Plasticamente Almodóvar nos brinda com uma cenografia de quem decora paredes com pintura de Tiziano, transformando a mansao do personagem de Banderas num jardim das delícias. O roteiro esboça propositalmente uns três finais pelos menos, mexendo com a adrenalina nas veias do público que apaludiu o longa duas vezes enquanto a projeção rolava. Logo no começo, Banderas faz uma menção ao Brasil, com o personagem Zeca vivido por Roberto Álamo, que entra no enredo fantasiado de tigre porque está chegando de um baile de carnaval. Zeca, uma espécie de vilão no primeiro terço do longa, fala da Bahia (terra que Almodóvar ama) e ainda arrisca algumas palavras num portunhol safado. No eleno Almodóvar ainda se calçou de sua velha colaboradora Marisa Paredes, que vive a governanta e cúmplice de Banderas.
Esbanja requinte a fotografia de José Luis Alcaine. Mas o único quesito de "La piel que habito" capaz de impressionar quase tanto a exuberância de Elena Anaya é mesmo a música de Alberto Iglesias fortalecida pelo violino de Vicente Huerta.

FONTE: http://oglobo.globo.com/blogs/cinema/posts/2011/05/19/cannes-ole-de-almodovar-nas-raias-da-perfeicao-381301.asp

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