sexta-feira, 3 de agosto de 2012

As feias é que são lindas! Texto de Aguinaldo Silva.




Num reino muito distante, mais precisamente em Palma de Mallorca, Espanha, vivia uma garotinha que passou na fila da feiura três vezes : era dentuça, queixuda e o pior de tudo, tinha um nariz adunco, enorme e torto. Rezava a lenda que, durante a gravidez, sua mãe teve desejo de comer uma tela de Picasso com pimenta; e como a família não tinha posses para tanto, a menina acabou nascendo com a cara de uma pintura cubista do renomado pintor.

Já adulta, a pobre garota trabalhava de garçonete em Madrid e nas horas vagas cantava e dançava numa banda performática chamada adequadamente de Peor Impossible. Um, até então, diretor em inicio de carreira chamado Pedro Almodóvar se encantou pela personalidade de tal menina-demônia e a partir desse encontro o mundo inteiro conheceu Rossy de Palma.

Mesmo até agora não tenha sido protagonista de nenhuma de suas películas, Rossy personifica a essência de Almodovar . Ela é o estranho, o sedutor, o humor, o drama, o chic, o cafona, o imponente, o farsesco. Isso tudo sem ela precisar dizer uma só palavra. Só dela estar ali, parada em volta daqueles cenários e figurinos do nosso queridão diretor já diz isso tudo. Tanto é que depois de aparecer na vitrine espanhola e vermelha almodovariana, a monstrenga caiu nas graças de gente como Jean Paul Gaultier, Thierry Mugler e Christian Loboutin (em cujo catálogo de aniversário sairam as fotos abaixo) desfilando e fazendo campanhas para outras marcas tão chique quanto.





E é isso que Rossy de Palma tem a ensinar. O mundo não é feito de Brookies Shields e Sofias Lorens. O mundo é na sua grande maioria feito de gente estranha, cheia de defeitos na cara, na estatura, no formato do corpo. Por isso, à falta de beleza, é a atitude que importa. Antes de mais nada tem que se gostar. Primordial. Sem tempo perdido encanando consigo mesmo sobra horrores de tempo pra aprender, observar, desenvolver talentos, viver, ter repertório, ou seja, ser alguém interessante. Depois distribuir tudo isso com as pessoas (gente que não gosta de gente também se mata, fia). Pronto, arrasou .Todo mundo vai te querer por perto, inclusive aquele puta gato. (Afe, tá até parecendo dica daquela revista CAFONOVA que faz geralmente o inverso, enfeia e embaranga tudo que é mulher bonita!).

Mas é por ai mesmo. Não dá pra reclamar que não nasceu perfeita, por que quase ninguém nasceu. Depois tem outra, óbvio, valorizar o corpitcho que Deus te deu. Mesmo que Deus estivesse no mau humor da porra, não justifica nunca esculhambar. Ou seja, mulher feia tudo bem, agora mulher mal cuidada merece muito tapa nazoreia. Tanta bicha e travesti roubando, se prostituindo ai pra pagar o que na mulher veio de graça e ela não valoriza? Pecado isso ai!!!!

Outra dica, agora no estilo revista CRAUDIA. Em vez de colar na porta da geladeira aquela belíssima de corpo incrível que vive a base de dieta, tem personal, stylist e um monte de permuta em clínica de beleza pra meta de ano novo, coloca a foto da Rossy de Palma, da Barbra Streisand (feia que fazia par com Redford), da Sarah Jessica Parker (a mais copiada de Sex and The City) e inclusive da Madonna (sugiro colocar uma foto dela em inicio de carreira) e pensem: se essas esteticamente prejudicadas são estilosas, amadas, admiradas, copiadas e até ícones de beleza eu também posso .Tá, elas são ricas e tem 300 bichas terceiro grau completo em estética atrás delas o dia todo, mas TODAS começaram de baixo, ouvindo nãos, ouvindo que são feias, que nunca vão chegar lá, que eram fora do padrão… Mas as fofas lá, acreditando no seus potenciais, desenvolvendo seus talentos, seus charmes e bla bla bla .



Dizem que a Moda é tirana, que cria modelos utópicos de beleza e que deixa as pobres mortais inseguras e insatisfeitas. Mas não é só assim. A Moda se utiliza muitas vezes de gente esquisita, fora dos padrões para criar uma imagem forte, única, marcante e quem for esperto pode sacar pra si que ser fora do padrão também é legal. Que a mancada é ser comum. Nos anos 90, que foram o auge da valorização e da glamourização das supermodels, entre Lindas Evangelistas, Cindies, Naomis e Claudias surgiu uma modelo andrógina, com a boca desproporcional e que se não desbancou todas as outras, teve seu lugar no spot como as belas da época. Estampou as melhores revistas e posou pras melhores marcas. Kristen McMenamy (abaixo) era uma das minhas preferidas e duvido que antes da fama (ou até durante, pros mais desavisados) ela poderia ser considerada uma modelo. Até a mãe da mocréia devia ter suas duvidas.





No Brasil tivemos algo bem parecido. Gisele era feia, nariguda (nariz, sempre o nariz… tem coisa mais cafona que gente com narizinho feito, moldado, jurando que é perfeito? Nariz perfeito é o que cresceu na sua cara), mas alta, estilosa e classuda (vamos ser honestos, pra moda não dá pra ser o erro completo, alguma coisa de bom tem que ter, né?). Aqui ganhou um concurso promovido pelas Casas Pernambucanas e picou a mula pra gringa. Foi musa da Chanel, Moschino, Armani (tida como a preferida dele) e trabalhou com fotógrafos top como Mario Testino e Richard Avedon. Ah! Esqueci de dizer…antes que vocês me matem dizendo que Gisele Bundchen nunca foi feia e isso é recalque de bicha, tô falando de outra Gisele. Gisele Zelauy. Vejam-na nessas duas fotos aí embaixo. Essa outra Gisele ambém arrasou no cenário fashion internacional, uma década antes que La Bundchen.



Dá pra citar milhares de outros exemplos de feias que deram certo (provavelmente sem ter que dar pro certo, por que teste do sofá ainda é privilégio das gostosas) na TV, musica (acreditam que até Maria Bethania nos 60 já estampou editorial de Moda?Juro! Procurei na net , mas não achei), na moda, no cinema… Por isso a dica tá dada. Sapa ou princesa o importante é viver feliz pra sempre consigo mesma e com esse narigão feio ai que você tem no meio da sua carranca.
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