sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O bom e desencanado sexo com EX. Texto de Xico Sá.




Há quem veja no ato uma roubada. Não é o meu caso. O que não mata, fortalece, como diria o filósofo em bigodes de vassoura.

Sexo com ex é uma maravilha.

Sexo confortável sem o drama da primeira vez. Sem o drama da cama, esse objeto metafísico por excelência, me alerta aqui o tio Nelson, seja lá que diabo isso signifique.

Mas há uma gente austera em relação ao assunto. Uma gente que canta “acabou chorare”. Uma gente que teme a recaída, que prefere o orgulho da “fila anda”, que parte mesmo para outro(a) ou para o luto amoroso sem chance para o amor-retrovisor.

Pode ser até um pouco melancólico o sexo com ex. No problem. Depois do gozo, a gente sempre fuma mesmo o king size sem filtro do abandono. Seja fumante ou não seja. É o desamparo de saber que, no fundo, viemos sós e sós morreremos, mesmo os que merecem multidões no enterro.

O sexo com ex também traz uma certa esperança aos que não conseguiram dar o amor por finalizado. Isso pode ser péssimo.

Falo do sexo com ex depois de um certo tempo. Em um reencontro fortuito no bar Genésio ou no show de uma velha banda de rock que os dois curtiam juntos.

O bom e confortável sexo com ex exige uma quarentena. Como a lei que vale para autoridades de cargos públicos importantes.

Sexo com ex é tão bom que nem é da conta dos atuais ocupantes do cargo. É perdão imediato. Pelo menos lá em casa. Ela nem precisa me contar direito, “ah, meu amor, estava bêbada, fiquei com meu ex” etc. Não passa nada, minha pequena.

Você se incomoda, amigo(a)?

Sexo com ex é um barato. Em Nova Iorque, Helsinque, Recife ou no Crato.

Estou dentro.

É tão bom sexo com ex que quando você diz “foi bom, meu bem?”, a dama responde não apenas por aquela transa, mas pelo conjunto da obra de todo o casamento. “Agora, com o passar dos anos, vejo que nossa história foi até honesta”, diz ela.

Você ainda leva para casa este belo atestado de bons antecedentes.


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