quinta-feira, 1 de agosto de 2013
A "vergonhosa" barriga da Duquesa!
A jornada da heroína de um conto de fadas: conhece o príncipe, se apaixonam, se separam por um tempo, se reconciliam, se casam e, dizem, vivem felizes para sempre. Se houver uma gravidez e um herdeiro, melhor ainda. É assim em livro, em último capítulo da novela e nos sonhos não realizados da maioria das garotas. Kate Middleton vive isso. Há pouco mais de uma semana, a Duquesa de Cambridge apareceu radiante com o filho George no colo e o marido ao lado. Eles apresentavam à imprensa o bebê nascido após onze horas de trabalho de parto.
Um momento maravilhoso na vida de uma princesa da ficção, e das mães da vida real que desejaram parir.
Mas o problema foi a barriga de Kate.
Pela reação das pessoas nas redes sociais e de muitos jornalistas, não é de conhecimento público que mulheres que acabaram de dar à luz continuam barrigudas. No mínimo surreal, pois todos nós saímos da barriga de alguém, visitamos novas mamães na maternidade, acompanhamos irmãs, amigas e esposas neste momento. Mesmo assim, o fato de Kate Middleton aparecer gloriosamente vestindo uma roupa que não escondia sua barriga causou polêmica.
Porque em geral as celebridades escondem. Elas se refugiam logo após o parto, aparecendo somente depois de perder a "gordura da gravidez". Fotos? Só de rosto ou segurando o bebê no colo, escondendo a barriga. Muitas já fazem a primeira aparição nas passarelas. De biquíni. A imprensa vibra.
"Gisele Bündchen desfila de biquíni no Havaí dois meses após o nascimento de Vivian"
"Dieta de Juliana Paes: como atriz faz para entrar em forma depois da gravidez"
"Corpões pós-parto: Mamães internacionais exibem físico impecável após dar à luz"
"Dieta pós-parto de Beyoncé tem exercícios às 5h da manhã, omeletes e muita água gelada"
Todas as manchetes acimas são reais, e há incontáveis delas à distância de uma busca no Google. É uma corrida sem linha de chegada. As mulheres precisam ser bonitas para serem amadas. Sendo amadas, precisam ser mães. Sendo mães, precisam continuar bonitas para não serem abandonadas por aquele homem lá que lhe dá valor. Porque o valor está nele, claro, e não nela.
Essa busca insana e doentia por um padrão de beleza machuca pessoas, especialmente mulheres. Nós representamos 90% dos casos de transtornos alimentares. O índice de mortalidade de pacientes com anorexia nervosa chega a 20%. Uma mulher comum não pode levantar às 5h da manhã para fazer ginástica, a exemplo da cantora Beyoncé, simplesmente porque não dormiu a noite inteira com o bebê chorando. No entanto, a pressão por corpos perfeitos atinge todas nós, celebridades ou não, porque estamos permanentemente sendo julgadas por nossa aparência.
Se nem Kate Middleton, uma princesa, conseguiu, como é que você, plebeia, conseguiria?
A quem serve essa paranoia?
Naomi Wolf, em O Mito da Beleza, responde: "ideais não caem do céu. Eles vêm de algum lugar e servem a um propósito. Este propósito é geralmente financeiro, notadamente para aumentar os lucros das empresas que anunciam na mídia, que, em contrapartida, cria tais ideais. O ideais servem a um fim político. Quanto mais fortes as mulheres estavam se tornando politicamente, mais pesados ficaram os ideais de beleza, com o fim de distrair a energia dessas mulheres e derrubar seu progresso".
Precisamos destruir estes padrões e focar no que é realmente necessário para a mudança do mundo. Devemos repensar como o mito da beleza é exatamente uma ficção, assim como os tais contos de fadas. Mostra-se urgente que mulheres compreendam seu papel político na sociedade, entendendo que nosso valor está em nós mesmas, e não no olhar do outro, tampouco no tamanho das nossas barrigas.
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