Jamais esquecerei aquele 11 de setembro. Quando acordei, estranhei que Hugo ainda estivesse em casa. Normalmente, ele já teria tomado banho, feito o café e saído para o trabalho. Mas não, ainda estava lá, sentado na sala, de camisa esporte.- Precisamos conversar – ele disse.- Fala – respondi com a boca seca.- Eu estou indo embora.Sem querer ouvir o resto, levantei-me e fui à cozinha. Debrucei-me sobre a pia com o corpo tremendo. Pensei em pegar uma faca.- A chave está na mesinha – ele disse lá da sala.Foi a última vez que ouvi sua voz. Soube depois que, nesse mesmo dia, aconteceu um acidente terrível em Tóquio ou Nova Iorque. Um avião egípcio bateu numa torre e derrubou uma antena de televisão. Não sei direito como foi a tragédia, mas duvido que tenha sido pior do que a minha.
(conto publicado no livro Ao homem que não me quis)
Do Blog: http://doidivana.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário