Obras esculpidas em formas perfeitas e realistas estão em exposição no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro. No corpo de cada escultura, está a alma do artista: Ron Mueck, australiano, 56 anos, obstinado em criar figuras cada vez mais reais.
Na maior obra da exposição, os sinais da idade estão nos olhos, nos braços, na pele flácida. Veias, pêlos, unhas por cortar, tudo impressiona pela perfeição.
O jovem ferido, a mulher acima do peso, cada dobra é estudada. Até os cabelos são cuidadosamente despenteados. O artista brinca com os tamanhos.
Mueck trabalha sem pressa, sem brigar com o tempo em um ateliê em Londres, onde mora. Pode passar uma hora e meia fazendo apenas o olho de uma escultura. Tanto perfeccionismo teve origem ainda na infância, nas cobranças do pai, um alemão rigoroso. “Quando era criança, ele já fazia os bonecos e as marionetes para vender no mercado. O pai ficava o tempo todo dizendo ‘não, muda, não está bom, faz de novo’. Era uma exigência e daí essa super perfeição, esse detalhismo que ele tem para tudo”, conta Carlos Alberto Chateubriand, presidente do MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro.
O presidente do MAM ainda explica que a figura que está em um barco à deriva é o pai do artista Ron Mueck. Em outra escultura, o próprio Mueck está retratado.
Fotos de jornal, lendas e até desenhos animados. Tudo isso serve de inspiração para Ron Mueck. Em uma obra, chamada “À Deriva”, ele fez a partir de uma fotografia de um grande amigo, que tinha morrido. Uma homenagem eternizada pela arte.
As esculturas são carregadas de tensão. Mueck é um homem que gosta de estar só. Ele foge de aglomerações, que, ironicamente, é por onde passam suas exposições que batem recordes de público e de fotos que os visitantes tiram das obras..
“A vida que ele consegue dar. A realidade é uma coisa impressionante. Você fica extasiado com o trabalho dele. Maravilhoso”, confessa a funcionária pública Sheila Freitas, que visitava a exposição.
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