Pobre adora ler sobre rico. Aliás, não só pobre, mas também remediados como eu. Fui correndo ver o filme “Rede social”, para conhecer Mark Zuckerberg, 26 anos, o criador do Facebook, o mais jovem bilionário do mundo, e aquele em quem ele passou a perna, o brasileiro Eduardo Saverin, que teria embolsado uma indenização de US$ 600 milhões, embora essa informação não conste do filme (confesso que saí meio confuso do cinema, achando a história real mais interessante do que a da tela). Também estou devorando o livro de Ricardo Amaral, doutor em anedota, em showbiz e “café society”, como se dizia na coluna do Jacinto e do Ibrahim. Do Eike Batista, acompanho tudo o que faz, e do Bill Gates, fundador da Microsoft, sou fã. Acho que ele devia servir de exemplo para todos os muito ricos da Terra.
A última que li dele, ou melhor, da Fundação Bill e Melinda Gates, sua mulher, é sobre a distribuição de 500 milhões de dólares para alguns dos países mais pobres do mundo, tornando possível, por meio de um sofisticado mecanismo, a poupança dos que por definição não têm como poupar. Antes, ele já tinha conseguido que 50 colegas de grana fizessem como ele doassem metade de suas fortunas para a filantropia; o último a entrar no clube foi justamente Zuckerberg, que acaba de doar uma parte de seus quase US$ 7 bilhões de poupança. Não satisfeito, o casal quer estender essa moda à China e à Índia, onde descobriu que existem cada vez mais afortunados. Quem sabe ele não incluirá nessa lista o Brasil, que é o país com o maior número de bilionários entre os 37 latino-americanos do ranking da revista “Forbes”. Em 2009, eram 13; hoje são 18. Aqui, além de Eike primeiro entre nós e oitavo do mundo há dez pesos pesados que no total acumulam US$ 84,7 bilhões.
Olhando para a situação dos EUA, o Prêmio Nobel Paul Krugman, sem disfarçar sua própria raiva, escreveu um artigo contra “A raiva dos ricos” americanos — “gente que está indignada com a ideia de ter de pagar alíquotas de imposto modestamente mais altas”. A fúria é tanta que os levou, segundo o colunista, a comparar Obama a Hitler. Mas a reação deu certo. Esta semana, o presidente cedeu à pressão republicana e estendeu os benefícios tributários também aos ricos. Antes, quando ele propôs reduzir o bônus dos executivos cujas firmas foram resgatadas com dinheiro do contribuinte, o bilionário Stephen Schwarzman não teve pudor de comparar essa proposta à invasão da Polônia pelos nazistas. Krugman podia analisar também o caso do Brasil, onde doação em geral é a grana que os ricos distribuem não para os pobres, mas para os políticos gastarem em suas campanhas eleitorais.
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