Star Wars Tai Chi from John Leo on Vimeo.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
hácate ou hécata, em gr. hekáté. mit.gr
divindade lunar e marinha, de tríplice
forma ( muitas vezes com três cabeças e
três corpos). era uma deusa órfica,
parece que originária da trácia. enviava
aos homens os terrores noturnos, os fantasmas
e os espectros. os romanos a veneravam
como deusa da magia infernal.
divindade lunar e marinha, de tríplice
forma ( muitas vezes com três cabeças e
três corpos). era uma deusa órfica,
parece que originária da trácia. enviava
aos homens os terrores noturnos, os fantasmas
e os espectros. os romanos a veneravam
como deusa da magia infernal.
domingo, 29 de agosto de 2010
O paternalismo semeia violência. Contardo Calligaris.
A ASSOCIAÇÃO Internacional de Psicanálise (IPA) foi fundada em 1910. Presente em 33 países, com mais de 12 mil membros, ela festeja seu centésimo aniversário. Aos colegas da IPA (embora eu tenha me formado numa de suas dissidências), meus sinceros parabéns.
A festa é uma boa ocasião para perguntar: para que serve, hoje, a psicanálise? A campanha eleitoral em curso me ajuda a escolher uma resposta.
Repetidamente, o presidente Lula e Dilma Rousseff se apresentam como pai e mãe dos brasileiros. Em 17/8, Lula declarou: "A palavra não é governar, a palavra é cuidar: quero ganhar as eleições para cuidar do meu povo, como a mãe cuida de seu filho".
No dia seguinte, Marina Silva comentou: "Querem infantilizar o Brasil com essa história de pai e mãe". Várias vozes (por exemplo, o editorial da Folha de 19/8) manifestaram um mal-estar; Gilberto Dimenstein resumiu perfeitamente: "Trazer a lógica familiar para a política significa colocar a criança recebendo a proteção de um pai em vez de um governante atendendo a um cidadão que paga imposto".
Entendo que um presidente ou uma candidata se apresentem como pai ou mãe do povo. Embora haja precedentes péssimos (de Vargas a Stálin, ao ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il), estou mais que disposto a acreditar que Lula e Dilma se expressem dessa forma com as melhores intenções.
O que me choca é que eleitores possam ser seduzidos pela ideia de serem cuidados como crianças e preferi-la à de serem governados como adultos.
Se o governo for paternal ou maternal, o que o cidadão espera nunca será exigível, mas sempre outorgado como um presente concedido por generosidade amorosa; o vínculo entre cidadão e governo se parecerá com o tragipastelão afetivo da vida de família: dívidas impagáveis, culpas, ciúme passional etc. Alguém gosta disso?
Numa psicanálise, descobre-se que a vida adulta é sempre menos adulta do que parece: ela é pilotada por restos e rastos da infância. Ao longo da cura, espera-se que essa descoberta nos liberte e nos permita, por exemplo, renunciar à tutela dos pais e ao prazer (duvidoso) de encarnarmos para sempre a criança "maravilhosa" com a qual eles sonhavam e talvez ainda sonhem.
Tornar-se adulto (por uma psicanálise ou não) é um processo árduo e sempre inacabado. Por isso mesmo, a quem luta para se manter adulto, qualquer paternalismo dá calafrios -ou vontade de sair atirando, como Roberto Zucco.
Roberto Succo (com "s"), veneziano, em 1981, matou a mãe e o pai; logo, fugiu do manicômio onde fora internado e, durante anos, matou, estuprou e sequestrou pela Europa afora. Em 1989, Bernard-Marie Koltès inspirou-se na história de Succo para escrever "Roberto Zucco", peça admiravelmente encenada, hoje, em São Paulo, na praça Roosevelt, pelos Satyros.
Na peça, Zucco perpetra realmente aqueles crimes que todos perpetramos simbolicamente, para nos tornarmos adultos: "matar" o pai, a mãe e, dentro de nós, a criança que devemos deixar de ser.
O diretor da peça, Rodolfo García Vázquez, disse que Zucco é um Hamlet moderno. Claro, para Hamlet, como para Zucco, o parricídio é uma espécie de provação no caminho que leva à "maioridade". Além disso, pai, padrasto e mãe de Hamlet eram reis, e o pai de Succo era policial. Para ambos, o Estado se confundia com a família.
Se o Estado é um pai ou uma mãe para mim, eu não tenho deveres, só dívidas amorosas, e, se esse Estado me desrespeita, é que ele me rejeita, que ele trai meu amor. Por esse caminho, amado ou traído pelo Estado, nunca me considerarei como um entre outros (o que é uma condição básica da vida em sociedade), mas sempre como a menina dos olhos do poder.
Agora, se eu me sentir traído, não me contentarei em mudar meu voto, mas procurarei vingança no corpo a corpo, quem sabe arma na mão; pois essa é a linguagem da paixão e de suas decepções. O paternalismo, em suma, semeia violência.
Enfim, se é verdade que muitos prefeririam ser objeto de cuidados maternos ou paternos a serem "friamente" governados, pois bem, nesse caso, a psicanálise ainda tem várias boas décadas de utilidade pública entre nós.
É uma boa notícia para a psicanálise. Não é uma boa notícia para o mundo fora dos consultórios.
A festa é uma boa ocasião para perguntar: para que serve, hoje, a psicanálise? A campanha eleitoral em curso me ajuda a escolher uma resposta.
Repetidamente, o presidente Lula e Dilma Rousseff se apresentam como pai e mãe dos brasileiros. Em 17/8, Lula declarou: "A palavra não é governar, a palavra é cuidar: quero ganhar as eleições para cuidar do meu povo, como a mãe cuida de seu filho".
No dia seguinte, Marina Silva comentou: "Querem infantilizar o Brasil com essa história de pai e mãe". Várias vozes (por exemplo, o editorial da Folha de 19/8) manifestaram um mal-estar; Gilberto Dimenstein resumiu perfeitamente: "Trazer a lógica familiar para a política significa colocar a criança recebendo a proteção de um pai em vez de um governante atendendo a um cidadão que paga imposto".
Entendo que um presidente ou uma candidata se apresentem como pai ou mãe do povo. Embora haja precedentes péssimos (de Vargas a Stálin, ao ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il), estou mais que disposto a acreditar que Lula e Dilma se expressem dessa forma com as melhores intenções.
O que me choca é que eleitores possam ser seduzidos pela ideia de serem cuidados como crianças e preferi-la à de serem governados como adultos.
Se o governo for paternal ou maternal, o que o cidadão espera nunca será exigível, mas sempre outorgado como um presente concedido por generosidade amorosa; o vínculo entre cidadão e governo se parecerá com o tragipastelão afetivo da vida de família: dívidas impagáveis, culpas, ciúme passional etc. Alguém gosta disso?
Numa psicanálise, descobre-se que a vida adulta é sempre menos adulta do que parece: ela é pilotada por restos e rastos da infância. Ao longo da cura, espera-se que essa descoberta nos liberte e nos permita, por exemplo, renunciar à tutela dos pais e ao prazer (duvidoso) de encarnarmos para sempre a criança "maravilhosa" com a qual eles sonhavam e talvez ainda sonhem.
Tornar-se adulto (por uma psicanálise ou não) é um processo árduo e sempre inacabado. Por isso mesmo, a quem luta para se manter adulto, qualquer paternalismo dá calafrios -ou vontade de sair atirando, como Roberto Zucco.
Roberto Succo (com "s"), veneziano, em 1981, matou a mãe e o pai; logo, fugiu do manicômio onde fora internado e, durante anos, matou, estuprou e sequestrou pela Europa afora. Em 1989, Bernard-Marie Koltès inspirou-se na história de Succo para escrever "Roberto Zucco", peça admiravelmente encenada, hoje, em São Paulo, na praça Roosevelt, pelos Satyros.
Na peça, Zucco perpetra realmente aqueles crimes que todos perpetramos simbolicamente, para nos tornarmos adultos: "matar" o pai, a mãe e, dentro de nós, a criança que devemos deixar de ser.
O diretor da peça, Rodolfo García Vázquez, disse que Zucco é um Hamlet moderno. Claro, para Hamlet, como para Zucco, o parricídio é uma espécie de provação no caminho que leva à "maioridade". Além disso, pai, padrasto e mãe de Hamlet eram reis, e o pai de Succo era policial. Para ambos, o Estado se confundia com a família.
Se o Estado é um pai ou uma mãe para mim, eu não tenho deveres, só dívidas amorosas, e, se esse Estado me desrespeita, é que ele me rejeita, que ele trai meu amor. Por esse caminho, amado ou traído pelo Estado, nunca me considerarei como um entre outros (o que é uma condição básica da vida em sociedade), mas sempre como a menina dos olhos do poder.
Agora, se eu me sentir traído, não me contentarei em mudar meu voto, mas procurarei vingança no corpo a corpo, quem sabe arma na mão; pois essa é a linguagem da paixão e de suas decepções. O paternalismo, em suma, semeia violência.
Enfim, se é verdade que muitos prefeririam ser objeto de cuidados maternos ou paternos a serem "friamente" governados, pois bem, nesse caso, a psicanálise ainda tem várias boas décadas de utilidade pública entre nós.
É uma boa notícia para a psicanálise. Não é uma boa notícia para o mundo fora dos consultórios.
O horror, o horror!!! Cludheeenha Milk, não é porque você usa um Louis Vuitton, que vc está elegante, viu?
A fofa conseguiu a proeza de juntar as palavras "sutiã", "fluorescente", "aparecendo" e "tapete vermelho" na mesma frase.
Como dizia o Silva: " terceiro mundo me dana!"
É um grande filme, sem dúvida, mas muito arrastado em alguns momentos e também com um excesso de cenas escuras, muito escuras. Tenso!
Antes de sua ascensão ao poder na Itália, o fascista Benito Mussolini (1883- 1945) foi um jovem manifestante socialista, já com certo talento para agitar as massas. Na época, envolveu-se com Ida Dalser, dona de um salão de beleza, que pagou caro por sua cega paixão pelo futuro ditador. O fascinante drama de Bellocchio (“Bom Dia, Noite”) revela o homem por trás do mito a partir do ponto de vista dessa mulher extremamente passional. Depois de vender seu negócio para financiar os ideais políticos do amante e de ter um filho com ele, a moça (interpretada por Giovanna Mezzogiorno) é deixada de lado para não atrapalhar a imagem impecável do líder. Por anos, ela permanece fiel a esse amor, apesar de Mussolini e seus comparsas fazerem de tudo para taxá-la de louca e apagar qualquer documentação que comprovasse o romance. A história, revelada em livro há pouco tempo pelo jornalista Marco Zeni, carrega detalhes sórdidos muito bem explorados. Chama atenção a visceral atuação de Filippo Timi, em dois papéis. Como o Dulce, ele consegue fugir do caricato. Mais tarde, o ator se transforma para viver o filho rejeitado, em performance angustiante.
Olha só quem estava na mesma sessão de sábado a tarde em que eu estava com minha amiga Koka Grael:
E aí, ministro? Gostou do filme? Apesar de belo eu achei chatinho e usted?
Talvez no tempo da delicadeza...
Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo
Da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar
E urgentemente
Preciso descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente
Doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado
Ao lado teu
sábado, 28 de agosto de 2010
Filme da semana que vi e gostei:" Coco Chanel & Igor Stravinsky".
Baseado em um romance de Chris Greenhalgh, “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, de Jan Kounen, é extremamente sexual e deliciosamente escandaloso. O retrato destes dois personagens marcantes do século 20 corrobora a fama tempestuosa de ambos. Em certo momento, Coco provoca o músico: “Sou tão poderosa quando você, Igor. E mais bem sucedida”. Ele devolve a provocação: “Você não é uma artista, Coco. Você é uma lojista”. O romance arde, mas é ela – mais esperta – quem dá às cartas.
Coco devora Igor de forma arrebatadora. O romance acontece debaixo do mesmo teto em que a família do músico vive, e sua esposa, doente, não suporta a vergonha e parte para a Espanha com os filhos. Ao mesmo tempo, Coco troca o preto do luto pelo branco da leveza e investe todos os seus desejos na formulação de um perfume que a represente. “Quero cheirar como uma mulher e não como uma flor”, explica. Assim nasce o Chanel nº5.
Ao contrário do acomodado “Coco Antes de Chanell” (2009), que retrata os primeiros anos da futura estilista francesa com leveza e omissão de dados polêmicos, “Coco Chanel & Igor Stravinsky” exibe uma mulher forte, independente, fria, até cruel em certos momentos. E extremamente sexy. A escolha da modelo/atriz Anna Mouglalis não poderia ter sido mais acertada. Basta ela dar três passos para o espectador se ajeitar na cadeira do cinema impressionado com o ar poderoso e sensual da personagem.
Não existe prova de que o romance entre os dois tenha realmente acontecido. Na Paris da época, porém, boatos davam conta de que a estilista estava mais interessada no músico do que em sua música. Igor e família foram realmente viver sob o mesmo teto que Chanell, afamada colecionadora e manipuladora de homens. Para o escritor Chris Greenhalgh, esse encontro virou um livro. E agora um bom filme. Se Coco e Igor não viveram esse romance, o filme deixa apenas uma certeza: deveriam ter vivido.
Fonte: http://pipocamoderna.mtv.uol.com.br/?p=41915
Coco devora Igor de forma arrebatadora. O romance acontece debaixo do mesmo teto em que a família do músico vive, e sua esposa, doente, não suporta a vergonha e parte para a Espanha com os filhos. Ao mesmo tempo, Coco troca o preto do luto pelo branco da leveza e investe todos os seus desejos na formulação de um perfume que a represente. “Quero cheirar como uma mulher e não como uma flor”, explica. Assim nasce o Chanel nº5.
Ao contrário do acomodado “Coco Antes de Chanell” (2009), que retrata os primeiros anos da futura estilista francesa com leveza e omissão de dados polêmicos, “Coco Chanel & Igor Stravinsky” exibe uma mulher forte, independente, fria, até cruel em certos momentos. E extremamente sexy. A escolha da modelo/atriz Anna Mouglalis não poderia ter sido mais acertada. Basta ela dar três passos para o espectador se ajeitar na cadeira do cinema impressionado com o ar poderoso e sensual da personagem.
Não existe prova de que o romance entre os dois tenha realmente acontecido. Na Paris da época, porém, boatos davam conta de que a estilista estava mais interessada no músico do que em sua música. Igor e família foram realmente viver sob o mesmo teto que Chanell, afamada colecionadora e manipuladora de homens. Para o escritor Chris Greenhalgh, esse encontro virou um livro. E agora um bom filme. Se Coco e Igor não viveram esse romance, o filme deixa apenas uma certeza: deveriam ter vivido.
Botaoteca - Instant Button Eu sou Rica |
Fonte: http://pipocamoderna.mtv.uol.com.br/?p=41915
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Perigoso até para vampiros!
"A recente crise de reféns em hotel na segunda maior cidade brasileira assustou os produtores do quarto filme da série "Crepúsculo", que planejavam filmar algumas cenas por lá. Boa sorte a todos que estão indo para a Copa e para as Olimpíadas."
"Eu nunca quiz ser rebelde de propósito, eu só queria descobrir porque as coisas tinham que seguir um caminho e não um outro". Vivienne Westwood
Ela sempre foi uma "abusada" e nunca parou de dar show de irreverência, ironia, audácia, rebeldia, sem falar de um afiadíssimo senso de humor. Mas não pense que tudo é gratuito, não. Sua coroa-fashion (merecidíssima!) sempre se baseou em muita pesquisa, cultura histórica, capacidade de observação e uma teima inabalável em destruir o conformismo e de esculpir uma identidade através do ultraje. Uiuiui!
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Nessa minha fase tão tanguera, tão portenha, me quedei completamente apaixonada por esse disco!! A minha descoberta do ano!!
Canções da MPB vertidas para o enlevo do tango argentino e executadas por um grande músico brasileiro (embora argentino de nascimento): Tangos tropicais (Biscoito Fino) é Victor Biglione – que nasceu em Buenos Aires e mora no Brasil desde pequeno, respirando a música brasileira – em plena forma. São músicas de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outras feras nossas, tangueadas para a guitarra e os arranjos de Victor, com delicadeza e profundidade universais.
No disco 'Tangos tropicais', o guitarrista argentino Victor Biglione verte músicas de Chico Buarque e de Roberto Carlos para o idioma passional do ritmo que popularizou Carlos Gardel.
Com o auxílio luxuoso do acordeom de Marcos Nimrichter, o guitarrista verte músicas como "Choro bandido" (Chico Buarque e Edu Lobo), "Trocando em miúdos" (Francis Hime e Chico Buarque) e "Se eu quiser falar com Deus" (Gilberto Gil) para o idioma portenho. Quem dançou foram as letras, pois se trata de um disco instrumental. Que alcança melhor resultado nas músicas naturalmente mais dramáticas. É o caso de "Tatuagem", pérola da parceria de Chico Buarque (novamente ele!) com o cineasta Ruy Guerra. Uma das surpresas da seleção - assinada por Motta com Biglione - é "As canções que você fez pra mim", uma canção de Roberto Carlos dos anos 60 que ganhou projeção em 1993 ao dar título ao disco em que Maria Bethânia interpreta sucessos do Rei. A faixa tem citação de "Volver", clássico do repertório de Carlos Gardel, o cantor argentino que é a mais perfeita tradução do tango.
Veja aqui um tira gosto do biscoito finíssimo que é esse disco: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/musica/resenha/resenha.asp?nitem=22166073&sid=9871381261288373394345625&k5=251CFA9E&uid=
Não adianta ter todo o poder e dinheiro do mundo se ninguém pergunta se você melhorou da gripe. (Danuza Leão)
Afinal, o que todos queremos da vida, além do básico? Bem, para começar, é preciso definir o que é o básico.
O básico é igual para todo mundo, ricos ou pobres: uma casa, saúde, uma aparência agradável, algum dinheiro, um pouco de amor, que faz bem enquanto dura e mal quando acaba, e por aí vai. Mas mais que tudo, queremos o que é o bem mais precioso: um pouco de atenção.
Para conseguir atrair a atenção do mundo -ou de apenas uma pessoa- somos capazes de quase tudo; os homens, quando fazem o que mais gostam -surfar ou jogar uma pelada-, se tiverem uma namorada olhando do que são capazes, acham a vida muito melhor. Ninguém suporta ser completamente anônimo, por isso as pessoas passam a vida buscando o dinheiro, a beleza, o poder ou a fama; para quê? Para existir, apenas.
As crianças fazem tudo que lhes passa pela cabeça; em todos os momentos querem uma presença ao lado, olhando, e se for preciso, choram e gritam para chamar a atenção.
Quando aprendem que certas coisas não podem mais fazer, vão por outros caminhos, sempre procurando ser olhadas, percebidas, notadas. Qualquer coisa na vida, qualquer, é melhor do que a indiferença.
Se não for possível sermos amadas e idolatradas pela humanidade, como gostaríamos, é preferível ser odiada a não despertar sentimento algum.
Uns engordam, outros pintam o cabelo de verde, alguns tentam uma carreira de sucesso. Não se trata de mera vaidade: é uma questão de ter a consciência de que estamos vivos, e se ninguém nos olha é porque não estamos. E se não estamos, de que adianta ter um coração batendo?
Por que você gosta tanto de ir ao médico? No curto tempo de uma consulta a atenção é toda dirigida a você; existe alguma coisa melhor do que ter alguém perguntando como vai seu apetite, se tem dormido bem, que diga que você precisa deixar de fumar? Aliás, são raros os que fazem isso; na maioria dos casos, pedem uma lista de exames e despacham você com um olhar gelado.
E o analista, então? Esses são maravilhosos: durante 50 minutos você tem uma pessoa inteligente que ouve os maiores absurdos, compreende tudo, justifica tudo, e você até sente que não está tão só no mundo. Pais e mães têm sempre tempo para ouvir um filho, mas filho nunca tem tempo para ouvir pai ou mãe, nem que seja para comentar um filme; mas não sofra com isso, faz parte.
Atenção verdadeira é fundamental. Quando sua empregada disser que está resfriada, tire dois minutos -só dois- do seu dia, que tem 1.540, para saber o que ela está sentindo; pegue no banheiro o vidro de vitamina C que trouxe de Nova York e dê a ela, que deve tomar três vezes ao dia.
Lembre-se de que é ela quem serve seu café da manhã, leva um chazinho quando você chega cansada, lava e passa sua roupa, e faz tudo para te agradar. E quando chegar em casa à tarde, esqueça, por uns segundos, da eleição, e pergunte se ela está melhor.
Não adianta ter todo o poder e todo o dinheiro do mundo se ninguém pergunta se você melhorou da gripe.
Assinar:
Postagens (Atom)