quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma linha fina separa o temperamento de um empresário promissor de alguém que poderia receber uma "certa ajuda", como se diz na psiquiatria.

Acadêmicos e consultores profissionais afirmam que muitos empresários de sucesso têm qualidades e manias que, se fossem colocadas em suas psiques em proporções maiores, se classificariam como verdadeiras doenças mentais.
Isso não pretende sugerir que os empresários sejam malucos. Seria mais preciso descrevê-los como suficientemente malucos.
"Tem a ver com o grau", diz o psicólogo John D. Gartner, autor de "The Hypomanic Edge" [O limite do hipomaníaco]. "Se você é maníaco, pensa que é Jesus. Se você é hipomaníaco, pensa que é um presente de Deus para os investidores em tecnologia."

Os atributos que fazem os grandes empresários, segundo especialistas, são comuns em certas manias, embora em formas moderadas, e controlados para ser extremamente produtivos. Em vez de imprudência, o empresário adora riscos. Em vez de ilusões, ele imagina um produto que parece tão interessante que inspira as pessoas a apostar suas carreiras, ou muito dinheiro, em algo que não existe e talvez não seja vendável.
Por isso, os capitalistas de risco passam muito tempo examinando as psiques das pessoas em quem pretendem investir. Não é tanto uma questão de separar os lunáticos dos ligeiramente maníacos. Tem mais a ver com determinar quais hipomaníacos são arrogantes e repulsivos demais -traços comuns a esse tipo -e quais têm uma certa humanidade e técnicas interpessoais, sempre úteis para recrutar talentos e angariar dinheiro.

Alguns investidores têm testes de personalidade para ajudar a eliminar os primeiros. Outros salientam sua tolerância a manias moderadas, simplesmente porque fundar uma empresa já é uma certa maluquice. "Você precisa suspender a descrença para começar uma companhia, porque muitas pessoas lhe dirão que o que você está fazendo não pode ser feito, e se pudesse alguém já teria feito", diz Paul Maeder, sócio da firma de capital de risco Highland Capital Partners, em Lexington, Massachusetts. "É meio maluco."

O temperamento hipomaníaco grandioso não se limita a empresários. Encontra-se na política (Theodore Roosevelt), nos militares (George S. Patton) e virtualmente em qualquer campo onde os grandes riscos geram enormes recompensas.


Mas o mundo empresarial contribuiu com uma grande parcela de hipomaníacos. O mais colorido dessa estirpe foi possivelmente Henry Ford.
"Ele é o epítome do espírito empresarial livre", diz Douglas G. Brinkley, autor de Wheels for the World [Rodas para o mundo], um livro sobre Ford e sua empresa. Ford podia ser ao mesmo tempo encantador e um idiota impiedoso. Com os empregados, era um autocrata que não admitia opiniões discordantes.
Quase todas as conversas sobre hipomaníacos contemporâneos começam com o executivo-chefe da Apple, Steven P. Jobs. Como Ford, ele é um extraordinário vendedor, e também é descrito como um déspota e um temperamental maluco por controle, diz Leander Kahney, autor de Inside Steve's Brain [Dentro do cérebro de Steve].

Acadêmicos de estudos organizacionais tendem a dividir o mundo em "líderes transformacionais" (grupo em que se situam os hipomaníacos, é claro) e "líderes transacionais", os administradores equilibrados que sabem delegar, escutar e definir metas factíveis.

Os dois tipos de líderes precisam conquistar os funcionários para sua causa, mas os empresários precisam recrutar e galvanizar quando uma empresa é pouco mais que um sussurro de uma grande ideia.
"Nós temos um boletim de notas de personalidade, que inclui dez ou 12 dimensões, atributos que são críticos para o sucesso", diz Michael A. Greeley, um sócio da Flybridge Capital Partners, em Boston. O objetivo é identificar os personagens realmente erráticos, que Greeley chama de "descarrilados".
"Um dia eles acordam e sua cor preferida é rosa. No dia seguinte é verde. Eu trabalhei com hipomaníacos, e acho que podem ser muito prejudiciais, pessoas desse tipo abandonam rapidamente os colegas. Um funcionário pode ser um colaborador incrível, e então, depois de um erro, sai do bote salva-vidas."


2 comentários:

Anônimo disse...

todos os grandes empresários têm o temperamento colérico. muda a sequência: steve jobs = colérico com melancólico; bill gates = colérico com fleumático; eike batista = colérico com sanguíneo. o mais radical e ditatorial deles seria steve jobs, porque junta a impulsividade do colérico com o perfeccionismo do melancólico.

Luciane disse...

Anonimo, pleeeese, identifique-se! Adorei seu comentario!!!!!!!!!!!!
Mas, poxa: por que eles TÊM que ser coléricos?? Prá que tanta raiva? As pessoas só funcionam MESMO na base do chicote (ui!)?? De toda forma, seguindo o seu raciocinio o mais radical é o que nos dá mais coisas fofas, né?
Beijos.