domingo, 22 de janeiro de 2012

Do blog Oficina de Estilo!

SOBRE O VALOR DA BELEZA

Passeei por 12 dias no Peru na virada do ano, gente, e essa foi uma viagem super diferente de tudo: cheia de cheiros novos, sabores incríveis, natureza, história e balneário-delícia (alô Lima!), tudo misturado. Eles tiveram por lá muuuuitos povos bem inteligentes, que dominaram territórios, fizeram construções super fortes, realizaram experimentos bem impressionantes em medicina e criaram sistemas de agricultura e irrigação ultra inteligentes. O mais famoso desses povos foi o que formou o Império Inca, que a gente estuda na escola (lembra?), e junto com todas essas façanhas chama atenção também a habilidade de desenvolver tecidos e tapeçarias, adornos feitos com pedras e conchas (!!!) e o gosto pelo brilho do ouro e da prata. Diz que quando os espanhóis chegaram pra dominar essa civilização, a primeira leva de saques mandou pra Espanha 12 navios lotados dos metais preciosos dos Incas.




Passeei por 12 dias no Peru na virada do ano, gente, e essa foi uma viagem super diferente de tudo: cheia de cheiros novos, sabores incríveis, natureza, história e balneário-delícia (alô Lima!), tudo misturado. Eles tiveram por lá muuuuitos povos bem inteligentes, que dominaram territórios, fizeram construções super fortes, realizaram experimentos bem impressionantes em medicina e criaram sistemas de agricultura e irrigação ultra inteligentes. O mais famoso desses povos foi o que formou o Império Inca, que a gente estuda na escola (lembra?), e junto com todas essas façanhas chama atenção também a habilidade de desenvolver tecidos e tapeçarias, adornos feitos com pedras e conchas (!!!) e o gosto pelo brilho do ouro e da prata. Diz que quando os espanhóis chegaram pra dominar essa civilização, a primeira leva de saques mandou pra Espanha 12 navios lotados dos metais preciosos dos Incas.




Os espanhóis foram atrás de riquezas, os Incas curtiam ouro e prata pelo adorno, somente. O sistema de valor deles nada tinha a ver com ‘metais preciosos’ (eles usavam um sistema de nós em cordinhas como dinheiro, veja), mas eles amavam o polimento, o acabamento e o brilho que o ouro e a prata davam às suas construções de pedra – alô cordenação de cores: cinza-pedra e dourado-ouro é sempre uma lindeza, desde os tempos Incas. Enchiam tudo de ouro pra enfeitar, pra viver a vida envolta em beleza, pra agradar os olhos. Não era pelo valor monetário/financeiro, não era por “quanto tinha custado”, não era pra ostentar nem nada. Era pra animar a vida daquela gente toda, pra dar orgulho, pra bilhar o olho! Tinha mais a ver com dignidade do que com valor-de-dinheiro.

E aí que numa estradinha no interior de Cusco, indo de um passeio a outro, tinha uma feira. Local mesmo, de legumes e verduras e utilidades, como as nossas feiras de bairro, num povoadinho super humilde e nada-nada turístico. A gente pediu ao motorista pra descer e conhecer, ele achou super esquisito mas topou – e foi com a gente porque era um povoado tão roots que pouca gente falava espanhol: quase todo mundo falava Quéchua, que é a língua dos Incas e que se passa até hoje de geração em geração (super bonito isso). As fotos que ilustram esse post foram todas tiradas lá. Ninguém lá esperava ver turistas, ninguém tava vestido pra festa. Quem tava ali tava cumprindo uma função do dia-a-dia, tava abastecendo a cozinha/a casa, rotina. E olha, elas tavam todas LINDAS.




Tava um frião e dá-lhe leggings de lã pro baixo de 5 ou 6 camadas de saias, todas bordadas (to-das), rodadas, cheias de aplicações e brilhos. Cardigans ainda mais coloridos e vibrantes do que as camisetas arco-íris usadas por baixo. Casaquetos com texturas criadas com fitas e botões, mantôs multi-coloridos que carregam nas costas compras e crianças, chapéus com babados e pequenos enfeites nas pontas das tranças feitas nos cabelos. Gosto pelo adorno, vontade de se enfeitar e de embelezar a vida – independente do valor que esse adorno tem, independente de quanto custa, beleza pela beleza. Pelo brilho no olho. Tanto faz o que todo mundo em volta tava achando, ou quanto dinheiro aquilo tudo valia, ou se alguém reconheceria de que marca (oi?) aquilo veio. Um colorido que ofuscava a humildade do lugar, das pessoas, das coisas. Um mar de animação visual, um super sopro de inspiração.

Me fez pensar na nossa relação com a beleza, com o dinheiro, com o espelho, com amor próprio. A gente se ama mesmo ou quer mostrar o que tem? A gente curte o que usa pelo que é ou por quanto vale? A gente gostaria das mesmas coisas se elas não fossem produzidas pelas marcas que produzem? Elas lá nesse povoado do interior de Cusco se curtem tão genuinamente, tão sem ligar pro que todo mundo em volta acha… que produzem respeito e admiração (me produziu amor também, viu). Tem a ver com o que elas vestem, mas é tão mais digno e importante!



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