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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
domingo, 24 de fevereiro de 2013
A Biblioteca de Alexandria. Texto de Cora Ronai.
Cairo, Egito — Fundada por Alexandre Magno no ano 331 AC, a cidade de Alexandria, aqui no Egito, viveu,desde então, uma história de altos e baixos. Transformada em capital por Ptolomeu I, manteve o posto durante quase mil anos, até a conquista árabe de 640 EC, e foi, durante séculos, a capital cultural e intelectual do Ocidente, uma espécie de Nova York da antiguidade. Lá ficavam duas das sete maravilhas do mundo antigo, o famoso Farol de Alexandria e a Grande Biblioteca, que merece um capítulo especial na História.
Ptolomeu I e seus sucessores, até Cleópatra, última rainha do Egito, sabiam que conhecimento é poder; cuidaram, então, de transformar a biblioteca no maior repositório de saber da época. Seus representantes percorriam o mundo comprando rolos de papiro em todas as línguas; quando um navio atracava no porto, os passageiros eram obrigados a declarar os manuscritos que traziam consigo. Se as autoridades encontrassem algum que ainda não constasse do acervo da cidade, ele era confiscado até que uma cópia fosse feita (reza a lenda que volta e meia os legítimos donos recebiam de volta não o seu original, mas uma cópia).
Os reis ptolomaicos eram tão ciosos das suas fontes que, quando a cidade de Pergamon quis criar a sua própria biblioteca, a exportação de papiro foi proibida. A medida não adiantou muito, porque logo Pergamon desenvolveu a sua própria tecnologia para armazenagem de texto, conhecida até hoje como pergaminho.
Ao lado da biblioteca de Alexandria funcionava o Mouseion, academia que reunia os principais pensadores gregos e egípcios, convidados pelo Estado para longas temporadas. Várias descobertas e invenções importantes saíram desses encontros, nos quais foram também catalogadas todas as espécies de animais e de plantas então conhecidas.
Essa biblioteca extraordinária foi destruída durante um incêndio. A data precisa do desastre é ignorada, assim como os verdadeiros culpados. Durante muito tempo, Júlio Cesar foi responsabilizado pelo crime, porque descreveu, em suas memórias, o incêndio que seus soldados haviam provocado num depósito de papiros em Alexandria; mas a localização deste depósito não condiz com a da biblioteca. Além disso, há evidências de que ela ainda estava de pé quando Cesar morreu, no ano 44 a.C.
Hoje com mais de quatro milhões de habitantes, Alexandria é uma cidade fervilhante, mas suja e confusa. A maioria dos seus prédios não vê mão de tinta há décadas; tudo parece estar a um passo da ruína. Mas, em meio ao caos, brilha uma nova encarnação da antiga biblioteca, agora conhecida como Bibliotheca Alexandrina.
O edifício é impressionante. Construído na forma de um relógio solar em frente ao Mediterrâneo, num local próximo ao da sua predecessora, ele foi projetado para abrigar até oito milhões de livros. O acervo atual conta com cerca de um milhão de exemplares, sobretudo em árabe, inglês e francês, que podem ser consultados num magnífico salão de leitura de 70 mil metros quadrados. Tudo é superlativo nessa linda casa de livros, e tudo é muito bonito, dos móveis aos detalhes do projeto arquitetônico, vencedor de um concurso que teve cerca de 1.400 participantes. Além da coleção principal, há bibliotecas especializadas em mapas e em multimidia, e bibliotecas para cegos, para crianças e para jovens; há quatro museus, quatro galerias de arte, um planetário e um centro de restauração de manuscritos.
O acervo digital é digno de nota. A BA mantém a única cópia do Internet Archive, a fenomenal biblioteca digital sediada em São Francisco, na California, que, pela última contagem, estava com mais de três milhões de livros em domínio público digitalizados. Na Bibliotheca Alexandrina, qualquer um deles pode ser baixado e impresso sob demanda.
Não sei se eu moraria em Alexandria, mas se me permitissem montar uma barraquinha dentro dessa biblioteca gloriosa acho que eu seria feliz para sempre.
(O Globo, Economia, 23.2.2013)
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
O querido amigo Luís Capucho lança na internet CD gravado antes do coma que alterou sua voz.
RIO - A despeito da admiração dos colegas de geração (como Arícia Mess, Suely Mesquita, Pedro Luís, Mathilda Kóvak) e da atenção que começava a receber da imprensa, o cantor e compositor Luís Capucho quase não fazia shows naquele Rio de meados dos anos 1990. Muito por insegurança, ele diz, traço que sustenta até hoje (“Não acho que as músicas vão brotar de mim para sempre, cada música que componho acho que será a última”). Num desses momentos em que o desejo de mostrar suas músicas foi maior, ele tocou no Café Laranjeiras — uma noite de 1995 que foi gravada, circulou por fitas que chegaram às mãos de pessoas como Cássia Eller e Pedro Luís (que gravaram canções dali) e que, agora, é lançada como o álbum virtual “Antigo”, disponível no site www.luiscapucho.com.
O registro é ainda mais raro por ser o único do músico antes do coma no qual ele mergulhou em 1996, vítima de um espancamento, e que deixou sequelas na sua voz (que ficou rouca) e em seus movimentos, e consequentemente em sua forma de tocar violão (hoje mais cru). Seu primeiro disco solo, “Lua singela”, foi lançado em 2003, e já trazia esse artista radicalmente rascante que ele se tornou.
— Adoro essa fita de 1995. Adoro esse artista que eu não sou mais. Acho que ele é mais “ouvível”. Gostaria de continuar tocando e cantando daquele jeito. Mas ao mesmo tempo acho que essa versão de Capucho que eu sou agora tem a ver com os meus temas. Essa voz estranha, os acordes simples batidos parecem que funcionam mais para o que eu quero dizer — afirma. — Acho que “Antigo” escapa dessa classificação de maldito, underground, que é sempre aplicada a mim. Ele é mais melódico, limpo, suave.
O show nasceu quando o músico — e também escritor, autor dos romances “Cinema Orly”, “Rato” e “Mamãe me adora”, todos lançados depois de seu coma — ouviu a sugestão do violonista Naldo Miranda de fazerem uma apresentação juntos. Convidaram a amiga Suely Mesquita para dirigir, e o resultado pode ser baixado gratuitamente — os outros discos do artista (o coletivo “Ovo”, de 1996, e os solos “Lua singela” e “Cinema íris”, lançado no ano passado) também podem ser ouvidos no site.
Quem passear por seus discos verá uma obra marcada pela ternura — evidente em canções como “Maluca”, gravada por Cássia Eller, ou “Máquina de escrever”, conhecida no registro de Pedro Luís — e pela atmosfera submundo, gauche, gay, sexual, wild side. Ora é mais marcada a doçura, ora a crueza, muitas vezes tudo está junto nos mesmos versos. Uma combinação que tem um resultado profundamente original, seja quando canta a morte ou o fato de conhecer a mãe de um amigo e se surpreender com sua vitalidade.
‘O que faço é sempre MPB’
Seu caminho único, porém, suscita comparações com nomes como Leonardo Cohen ou Lou Reed. Capucho vê todas como infundadas:
— Nunca ouvi muito esses artistas. O que faço é sempre MPB, que é a música que eu sempre ouvi, desde a mais brega até a da classe média — afirma o compositor, natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES) como Roberto Carlos e Sérgio Sampaio. — Mas eu tenho uma história underground, talvez a proximidade com esses caras venha daí.
Elogiado por artistas consagrados da MPB, como Ney Matogrosso e Nana Caymmi, Capucho acredita que “Antigo” vem no momento certo, quando sua voz e seus movimentos dão sinais de recuperação.
— Estou conseguindo hoje chegar mais perto desse Luís Capucho anterior ao coma. Faz mais sentido, então, torná-lo mais público.
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
domingo, 17 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Aprenda com Cora Ronai sobre os maravilhosos ATTARS!
Mundo globalizado é uma perdição. Internet de um lado, cartão de crédito do outro: combinação muito tentadora! E como eu resisto a tudo, menos às tentações, meu cartão é conhecido de comerciantes em todas as partes do globo. Agora mesmo acabei de receber uns óleos essenciais fabricados em regiões distantes do mundo e revendidos por uma simpática empresa da Califórnia, a Attar Bazaar
Os attars são, quase sempre, perfumes de uma nota só, óleos de aromas puros que ou usam-se assim mesmo, ou misturam-se a gosto. Tradicionalmente, cada vendedor faz as suas póprias combinações e com elas conquista a clientela. A Attar Baazar vende algumas dessas misturas.
As fragrâncias vêm em frasquinhos bem pequenos, têm uma densidade atômica absurda — nem pense em usar mais do que uma gota! — e custam muito barato. Não porque sejam inferiores aos perfumes ocidentais com os quais estamos acostumadas, mas porque não precisam de caríssimas campanhas de marketing ou de embalagens sofisticadas. São usadas há milhares de anos e têm freguesia garantida.
No dia a dia, um attar se usa pondo uma gotinha no pulso, esfregando um pulso contra o outro e passando-se os dois nos cabelos. Em comparação com os perfumes que usamos, os attars são fortes e devem ser aplicados com muita moderação; mas, em noites calientes, vale um cheirinho no avesso dos joelhos. Muito sexy!
A jóia da minha encomenda foi um frasquinho de jasmim em roll-on. Custou a bagatela de US$ 9,95 e, embora tenha apenas 5ml, vai me durar por alguns anos. Attars são assim.
Como tudo que vêm do Oriente, também esses perfumes chegam envoltos em lendas e em mistérios. O cheiro do jasmim, dizem, é o preferido pelos dervixes dançantes da Turquia. Ele tem o poder de dar um up na moral e tem efeitos antidepressivos.
O cheiro é tão lindo que eu acredito.
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