O filme de Spielberg narra a luta do presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, para aprovar a Emenda Constitucional XIII, que poria fim à escravidão no país. Tudo isso em meio à guerra civil entre o sul e o norte, coloniais e industriais.
Embora a estrutura dramática (arrastada, como diz Lara Romero, in my opinion), o roteiro (um tanto convencional), os atores (Daniel Day-Lwis e Tommy Lee Jones, geniais) e a direção (prefiro Spielberg em seus filmes de aventura) tenham sido levados em conta, o que mais me chamou a atenção em Lincoln foi o fato histórico e a forma como se criam heróis nos Estados Unidos. Comparações com o Brasil e nossa recente história política foram inevitáveis.
Para aprovar a Emenda que libertaria os escravos, Abraham Lincoln fez de tudo. Até comprar apoio dos parlamentares de oposição. Em vez de dinheiro, ofereceu cargos. Qualquer semelhança com o nosso mensalão não terá sido mera coincidência. Lincoln fez escola.
Por aqui, o governo Lula, segundo comprovação do Ministério Público Federal ratificada pelo Supremo Tribunal Federal, comprou apoio de parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo – e do país. Entre os projetos, nenhum de tamanha relevância como o fim da escravidão nos EUA.
Mas que diferença faz? Um político é mais ou menos corrupto quando suborna por uma causa mais ou menos nobre?
Abraham Lincoln defendeu a causa negra. Virou herói.
O que Lula defendeu? A causa da nova classe C?
O tempo dirá se ele será o herói brasileiro.
O filme de Spielberg, mais do que trazer à tona um fato marcante da história dos Estados Unidos, mostra que na política ninguém é santo e ninguém é demônio. Tudo depende da conveniência.
Texto de Virgilio Neto.
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