Viajar sempre esteve no meu DNA.
Atravessar fronteiras era um desejo meu desde menina, incluindo as fronteiras mentais, não apenas as geográficas. Conhecer, descobrir, avançar, aprender: verbos que de certa forma me definem, todos relacionados com o exercício da liberdade. (...) Não por acaso, os melhores momentos daquela garota que fui estão relacionados com as férias de verão, as temporadas na praia, os passeios organizados pelo colégio. A possibilidade de viajar sempre me pareceu mais atrativa do que qualquer pracinha. Eu queria ir. Para onde, não importava. Tinha pânico de criar raiz.
(...) Viajando é que descobrimos nossa coragem e atrevimento, nosso instinto de sobrevivência e nossa capacidade de respeitar novos códigos de conduta. Viajar minimiza preconceito. Viajantes não têm partido plítico, classe social, time de futebol, firma reconhecida em cartório, senhas decoradas na cabeça.
(...) Mas me atrevo a dar algumas sugestões para quem nunca viajou e tem sérias dúvidas se nasceu para isso.
Se para você é um suplício abandonar seu sofá, seu carro, seu travesseiro e o Fantástico aos domingos, não viaje. Se você é do tipo que não consegue se maravilhar com o que está vendo porque está mais preocupado com os mosquitos, os remédios, as gorjetas, o fuso horário e em checar os e-mails do trabalho, não viaje. Se você não faz ideia em que ponto do mapa fica o local para onde está indo, não tem a mínima curiosidade sobre a cultura do lugar, até desconhece o idioma falado, não viaje. Se você está fazendo as malas sob coação, pois sua mulher o ameaçou com o divórcio, faz bem em ter juízo, vá com ela. Mas, fora algum outro caso assim extremo, não viaje. Não é obrigatório. Não assegura uma vaga no céu. Viajar é para quem tem espírito desbravador, mas se você não tem, não tem.
Texto de Martha Medeiros.
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