“Diego Rivera contou o choque que sentiu, logo em sua chegada a Paris, ao descobrir a pintura de Cézanne exposta na vitrine do marchand Ambroise Vollard: ‘Comecei a olhar a tela por volta das 11 horas da manhã. Ao meio-dia, Vollard saiu para almoçar, fechando a porta da galeria. Quando voltou, aproximadamente uma hora depois, e me encontrou ainda mergulhado na contemplação do quadro, me lançou um olhar feroz. De sua mesa, ele me vigiava, olhando-me de vez em quando. Eu estava tão malvestido que ele devia pensar que eu era um ladrão. Depois, de repente, Vollard levantou-se, pegou outro Cézanne no meio da loja e colocou-o na vitrine no lugar do primeiro. Depois de um momento, substituiu a segunda tela por uma terceira. Depois, sucessivamente, trouxe mais três Cézanne. Agora, a noite caía. Vollard acendeu as lâmpadas na vitrine e colocou outro Cézanne. (…) Finalmente, foi até a porta e gritou: Sabe, eu não tenho mais nenhum!’. Diego acrescenta que, ao voltar para casa às duas e meia da manhã, foi tomado de febre e delírio, tanto em consequência do frio das ruas de Paris quanto do choque dos quadros de Cézanne.”
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