domingo, 17 de março de 2013

De hoje para trás! Texto de Rosana Hermman.

Como muitas pessoas, também acho divertido olhar para fotos do passado, lembrar de coisas da infância. Mas faço isso muito esporadicamente. Não sei se é porque é minha natureza ou se porque minha infância já ficou tão longe que não é mais referência pra nada. Mas voto na primeira opção. É o meu jeito de ser. Olho pra minha volta, olho pra frente. Não esqueço meu passado, minha origem, não é isso. Eu apenas não volto pra lá. Porque esse tempo não existe mais. O que existiu está incorporado em mim e em tudo o que sou e faço. Por isso não sinto necessidade de ficar me referenciando nas décadas que já foram.



Exatamente por isso não gosto do Facebook. Eu sei que o site é um sucesso, que ele também tem uma função importante de disseminação de notícias, novidades, de reencontro com familiares e amigos. Por isso eu ainda uso o Facebook. Veja, não disse que 'não uso, não usarei nunca, odeio quem usa'. Eu disse que não gosto. E não gosto exatamente porque o Facebook é de hoje para trás. Ele é um obituário em vida, uma coleção de coisas e pessoas do passado. Para os saudosistas, um paraíso. Para os apaixonados pelo presente e ligados no futuro, apenas chato. Cada um, cada um. Não estou julgando ninguém, apenas falando sobre meus gostos.






Queremos ter CERTEZA, garantias das coisas. Não rola. Vida não dá certeza. Então o ser humano vai lá para o Planeta Ilusão, que começa hoje e termina no dia em que você nasceu, onde tudo é IMUTÁVEL, porque o passado é aquilo que você não pode mais mudar! E, se é imutável, é cheio de 'certezas'?
Olha a ilusão.
Porque as certezas do passado já foram. Não estão mais em lugar nenhum a não ser nas impressões guardadas nas memórias das pessoas. E, note, não são os FATOS, mas as impressões que tivemos dos fatos, na época em que eles aconteceram, o que é totalmente diferente de agora! E é por isso que quando a gente revê aquele filme, aquele brinquedo, aquela foto antiga, a gente tem um choque. Porque nossos olhos já são outros. A série Perdidos no espaço, que eu adorava quando era adolescente virou uma trasheira cômica e pitoresca quando revi num box da série comprada há alguns anos. Foi divertido fazer um update nas impressões e lembrar, por breves momentos, da adolescente que fui. Mas passou. E, até que alguém invente um jeito de baixar os arquivos de toda a memória de cada pessoa ele irá perecer junto com a gente.



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Um comentário:

J. disse...

eu adorei o texto. me fez pensar mto. tb compartilhei.
ia comentar qdo lí, mas a net não estava legal.
Modifiquei a forma como uso o facebook, pois não tenho NENHUM interesse em viver no passado. Meu negócio é o AGORA.