sábado, 1 de janeiro de 2011


A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.

O tempo é um ponto de vista dos relógios.

A modéstia é a vaidade escondida atrás da porta.

Se a casa é para morar, por que a porta da casa se chama porta da rua?

A esperança é um urubu pintado de verde.

O vento assovia de frio.

Um discurso em homenagem nossa é uma verdadeira surra às avessas: fica-se naquele estado horrível e sem palavras com que revidar! A vida nutre-se da morte, e não a morte da vida, como julgam alguns pessimistas. A morte é o aperitivo da vida.

...a morte não faz esquecer, mas faz tudo lembrar.

A curva é o caminho mais agradável entre dois pontos.

O que tem de bom numa galinha assada é que ela não cacareja.

Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi nada à minha altura.

Se eu acredito em Deus? Mas que valor poderia ter minha resposta, afirmativa ou não? O que importa é saber se Deus acredita em mim.

Rezar é uma falta de fé: Nosso Senhor bem sabe o que está fazendo...

O despertador é um acidente de tráfego do sono.

Desconfio desses turistas que consideram exóticos os países visitados. Ficam de fora, vendo o pitoresco em tudo: nas casas, nas roupas, nos costumes, nas crenças... E nem desconfiam que a única nota exótica desses indefesos países são precisamente eles!

O problema da solidão não consiste em saber como solucioná-la, mas saber como conservá-la.

O bacteriologista é um astrônomo às avessas: espia pelo outro lado do canudo...

A pantera é uma curva em movimento.

Nem todos podem estar na flor da idade, é claro! Mas cada um está na flor da sua idade.

Nós não perdemos os mortos, os mortos é que nos perdem.

A morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos.

Não sabias? As nossas mortes são noticiadas como nascimentos pela imprensa do Outro Mundo.

Os lugares-comuns são cômodos como sapatos velhos. Facilitam a vida, estreitam relações, evitam desconfianças e desentendimentos.

Nunca me senti bem nas salas de estar. Salas de estar... Mas de estar o quê?

Não, o provérbio não está bem certo.

O raio é que enquanto há esperança, há vida. Jamais foi encontrado no bolso de um suicida um bilhete de loteria que estivesse para correr no dia seguinte.

A rua é um rio de passos e vozes.

Tenho uma enorme pena dos homens famosos, que por isso mesmo perderam a sua vida íntima e são como esses animais do Zoológico, que fazem tudo à vista do público.

A Matemática é o pensamento sem dor.

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